Qualidade de vida no trabalho

“Você é muito sensível pra esse cargo” — e por isso mesmo, eu sou perfeita pra ele

Beatriz Nobrega top influencer de RH 2024

Escrito por Beatriz Nobrega

Multiempreendedora e embaixadora orienteme
É conselheira, CHRO as a service, Mentora de Liderança e Influenciadora de RH reconhecida em 2024 como Top HR Influencer, Líder Legacy. Graduada em Psicologia pela USP, pós-graduada em Administração de Empresas pela FGV-SP e pós-MBA em Conselho pela Saint Paul Escola de Negócios.
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Durante muito tempo, vi e ouvi mulheres brilhantes tentando esconder o que têm de mais precioso: sua sensibilidade.

Tentando “falar mais grosso”, se vestir de forma mais neutra (no meu caso, até 2010, de forma inclusive “masculinizada”), esconder que choram, que têm filhos, que têm medo. Porque em algum momento da história, alguém decidiu que para liderar, era preciso endurecer. Ser fria e autossuficiente. Ser menos “emoção” e mais “razão”. Ser menos mulher.

E sabe o que é pior? A gente acreditou.

Acreditou que para estar em cargos de liderança, teria que se moldar ao que já existia: o masculino normativo, o “ideal” que tanto valorizou o autoritarismo travestido de firmeza, a ausência de afeto travestida de foco, a competitividade travestida de competência.

Mas adivinha só? Isso está mudando. E eu tô aqui pra falar justamente sobre isso.

O problema não é a sua forma de liderar — é o molde que te deram

Historicamente, o ambiente corporativo foi desenhado por e para homens. O modelo tradicional de liderança, o das décadas de 60, 70, 80… era militarizado, hierárquico, inflexível. E nesse contexto, tudo que era “feminino” era visto como desvantagem.

Não é coincidência que mulheres tenham sido obrigadas a se “adaptar” — e não o contrário. E aí surge aquela cobrança velada: seja mais dura, mais lógica, mais direta, mais objetiva. Não chore. Não vacile. Não engravide. E, de preferência, não fale muito sobre isso.

Mas esse modelo ruiu. E quem está reconstruindo essa nova liderança — mais consciente, mais conectada e mais humana — são justamente as mulheres que não aceitaram esconder quem são.

Liderar com sensibilidade é liderar com inteligência emocional

A sensibilidade que dizem ser “fraqueza”, é na verdade uma ferramenta poderosa de conexão. É a capacidade de perceber antes, de ouvir com mais intenção, de agir com mais empatia. É o que constrói times mais humanos, culturas mais seguras e resilientes e empresas mais saudáveis.

E, ironicamente, é exatamente isso que falta em muitos ambientes corporativos: líderes que consigam equilibrar estratégia com escuta, metas com bem-estar, resultados com respeito.

Empresas precisam de líderes que saibam:

  • Englobar colaboração, relacionamento e cultivo de talentos;
  • Ter conversas difíceis com respeito;
  • Tomar decisões impopulares com humanidade;
  • Identificar sinais de burnout em seus times;
  • Estabelecer limites com clareza e gentileza.

Nada disso é possível sem sensibilidade.
E nenhuma planilha dá conta disso sozinha.

Não é sobre “masculinizar” a liderança

É sobre permitir que ela também seja feminina.

E atenção: quando eu falo em “feminina”, não estou falando de gênero, mas de energia. A energia que acolhe, que nutre, que enxerga além do KPI. Que pensa em longo prazo porque entende que nenhuma empresa cresce se as pessoas dentro dela estão adoecendo.

A nova liderança não é dura, é firme.
Não é fria, é clara.
Não é insensível, é estratégica — e estratégica com pessoas, não apesar delas.

Vamos refletir?

  • Quantas vezes você já se pegou mudando seu tom de voz numa reunião pra parecer mais “profissional”?
  • Quantas vezes deixou de expressar uma ideia por medo de parecer “emocional demais”?
  • Quantas vezes sentiu que precisava ser outra pessoa para ser respeitada?

Essas perguntas não são pra te culpar, são pra te libertar. Porque a partir do momento em que a gente percebe o quanto se moldou, começa a se permitir voltar. Voltar para si. E liderar a partir de quem realmente é.

3 lembretes para mulheres líderes (e pra quem quer ser uma):

  1. Você não precisa se encaixar em um modelo que foi feito sem você.
    Questione a cultura, não a sua essência.
  2. A sua sensibilidade é seu superpoder.
    Ela te faz mais humana, mais intuitiva, mais empática — e isso é tudo que um bom líder precisa.
  3. Você não precisa fazer isso sozinha.
    Procure redes de apoio, mentorias, terapia, grupos com outras mulheres líderes. Falar sobre isso muda tudo.

E se alguém ainda te disser:
“Você é muito sensível pra esse cargo”,  você pode responder:
“E por isso mesmo, eu sou perfeita pra ele.”

Com carinho (e com coragem),

Bia Nóbrega

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