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Negligenciando a Saúde Mental no Tratamento do Câncer

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Pesquisas mostram uma ligação significativa entre fatores psicológicos e sobrevivência.

Para muitos, receber um diagnóstico de câncer pode ser tão devastador para a psique quanto o câncer em si é para o corpo. Tendo em conta quantas vidas já foram afetadas pela doença, é difícil imaginar que o câncer já foi motivo de vergonha, mencionado como a palavra “c”. Felizmente, isso está mudando. Conscientização e o apoio têm desempenhado e continuam a desempenhar papéis essenciais na prevenção, detecção precoce e avanços no tratamento.

O que parece estar faltando na conversa, no entanto, é o impacto psicológico de um diagnóstico de câncer e suas implicações no cuidado e prognóstico. Isso é claramente evidenciado, não apenas na literatura superficial sobre o assunto, mas também pela escassez de recursos disponíveis. Mais desconcertante é a falta de atenção dos médicos especialistas, cujo trabalho é ajudar.

De acordo com o National Cancer Institute, até 25% dos sobreviventes de câncer apresentam sintomas de depressão e até 45% sofrem de ansiedade. Muitos também apresentam sintomas que atendem aos critérios do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). O mais preocupante é que os sobreviventes são duas vezes mais propensos a cometer suicídio do que a população em geral.

Para muitos pacientes com câncer, os efeitos psicológicos negativos nem sequer começam até que o tratamento termine. Frequentemente, é quando a angústia se instala – um dos momentos mais cruciais durante os quais a atenção deve ser dada ao bem-estar emocional do paciente. Tão importante quanto ter apoio durante todo o tratamento, é ter um sistema de suporte sustentável contínuo com o qual o paciente possa contar durante toda a recuperação.

“Sobreviventes de câncer que estão deprimidos têm duas vezes mais chances de morrer prematuramente do que aqueles que não estão deprimidos” – Journal of Cancer Survivorship

De acordo com Floortje Mols, PhD, professor assistente de psicologia médica e neuropsicologia na Universidade de Tilburg, na Holanda, “a depressão é a variável psicológica mais comumente estudada em relação à mortalidade por câncer.” Um estudo realizado por Mols e sua equipe de pesquisadores encontrou uma taxa de mortalidade 19% maior em pacientes deprimidos.

David Spiegel, MD, professor de medicina na Universidade de Stanford, em Palo Alto, Califórnia, aconselha que “assim como muitos oncologistas veem a dor como um sintoma a ser tratado, eles também devem considerar a depressão como um sintoma a ser tratado para melhorar a qualidade e possivelmente prolongar a vida do paciente”.

Nas últimas décadas, o Institute of Medicine (IOM) relatou descobertas significativas sobre o papel que os fatores psicossociais desempenham na saúde. “Muitas intervenções tradicionalmente consideradas irrelevantes são realmente importantes para o estado de saúde de indivíduos e populações.” A IOM é uma das muitas organizações que reconhecem a necessidade de abordar todos os aspectos da nossa saúde, particularmente no tratamento do câncer, doenças graves e onerosas”.

No mês passado, o British Journal of Medicine (BJM) publicou os resultados de 16 estudos de coorte realizados na Inglaterra e na Escócia durante um período de 14 anos, que examinaram o papel do sofrimento psicológico como um preditor de mortalidade em pacientes com câncer. Com base em auto-relatos de mais de 160.000 homens e mulheres, aqueles com níveis mais elevados de sofrimento tiveram um risco 32% maior de mortalidade por câncer total, especificamente aqueles que relatam sintomas de depressão e ansiedade. Essas descobertas, segundo os relatórios da revista, contribuem para a crescente evidência da ligação entre fatores psicológicos e a sobrevivência ao câncer.

“Ser diagnosticado com câncer causa sofrimento e muda a vida no momento em que escuto, “Você tem câncer!” e frequentemente resulta em mudanças severas e, às vezes, permanentes, em componentes importantes de bem-estar e qualidade de vida, como produtividade profissional, estabilidade financeira, relações familiares e sociais, previsibilidade e consistência, esperança e planos para o futuro. ”

Portanto, é muito importante que o paciente com câncer tenha um acompanhamento psicológico durante e depois do tratamento da doença, para que obtenha o suporte psicológico necessário para a melhoria do bem-estar em geral.

FONTE: Psychology Today. Allison Abrams, LCSW-R. 23/02/2017. https://www.psychologytoday.com/us/blog/nurturing-self-compassion/201702/neglecting-mental-health-in-cancer-treatment-0

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