Embora Freud já tenha escrito e debatido, no fim do século passado, sobre as questões relativas à sexualidade e ao comportamento sexual, ainda hoje é um dos assuntos mais discutidos.
Você sabe a diferença entre sexualidade e sexo?
Sexo refere-se ao ato físico em que dois ou mais indivíduos realizam o ato sexual, tanto hetero como homossexualmente.
Já a sexualidade vai além da personalidade do ser humano, entendida como algo mais profundo, no íntimo de cada um.
Sexo significa prazer, desejo e, também, perigo, vedação, equívoco e culpa, enquanto a sexualidade, de acordo com Kaplan, associa-se a três fatores inter-relacionais: a identidade sexual, ou seja, como o indivíduo classifica-se biologicamente, a identidade de gênero (forma como o indivíduo se identifica com o masculino e feminino perante a sociedade) e o comportamento sexual, o qual consiste na forma de executar e perceber as experiências sexuais.
Atualmente, a saúde sexual faz parte de um dos pilares de qualidade vida estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde, já que situações mal resolvidas e dificuldades nesse campo, interferem diretamente no bem-estar social e pessoal dos seres humanos.
Além disso, conforme o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, estamos vivendo em um “mundo líquido” em que as relações humanas estão cada vez mais dinâmicas, solúveis e fáceis de sofrerem o processo de evaporação, seja no mundo real ou virtual.
Nada mais é feito para ter durabilidade. Meios eletrônicos, eletrodomésticos, móveis, RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS parecem ter data de validade e quando perdem suas funções são, simplesmente, descartados e substituídos.
Assim, as preocupações com o desempenho e satisfação sexual tem aumentado nos consultórios de ginecologistas e urologistas, afinal, se o sexo não estiver em bom funcionamento, poderá, facilmente, ser substituído.
No entanto, sabe-se que a saúde sexual é multidimensional, com aspectos biológicos, psicológicos (traumas, conflitos entre os parceiros, experiências sexuais negativas) e, até mesmo, socioculturais (tabus, religião, atitudes e crenças dos pais e educadores sobre sexo).
Dessa forma, a psicoterapia deve ser indicada sempre que existir uma predominância de fatores psíquicos nas queixas sexuais, principalmente quando a ação medicamentosa não é suficiente para sanar o problema e em casos de relações conflituosas, autoestima rebaixada, abuso sexual na infância, distúrbios comportamentais, ansiedade e depressão.
Como saber se preciso procurar terapia sexual?
Sempre que identificar uma insatisfação com a qualidade de vida sexual, seja por ausência ou dificuldade para alcançar o orgasmo, falta de desejo ou perda da libido, ejaculação rápida ou disfunção erétil, por exemplo.
É importante saber que a terapia sexual é focal e tem como principal objetivo a harmonia sexual do indivíduo e do casal.
Assim, é capaz de melhorar o relacionamento como um todo, já que aborda não só as questões relacionadas ao sexo, mas a sexualidade como um todo – desde a autoestima do casal até os tabus e conflitos que os impedem de viver uma vida sexual saudável.
Texto escrito por: Priscila V. R. Takaki
Especialista em Psicologia Clínica: Terapia Cognitivo-comportamental e Sexualidade Humana.