Qualidade de vida no trabalho

TCC para a infância e adolescência

Daniela Haidar Chohfi -

A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) tem como base a teoria da aprendizagem social, partindo do pressuposto que o ambiente, o temperamento e o comportamento do indivíduo determinam-se reciprocamente e que o comportamento é um fenômeno dinâmico, em evolução. Os contextos influenciam o comportamento, e este, por sua vez, molda os contextos. Algumas vezes, os contextos ambientais têm uma influência mais poderosa sobre o comportamento de uma pessoa, enquanto em outras, preferências, disposições e características pessoais determinarão o comportamento. Examinar a influência dinâmica entre o indivíduo e seu contexto é de suma importância para o terapeuta, sendo que o comportamento adaptativo e mal adaptativo é aprendido através de interações ativas e passivas com o meio ambiente, particularmente interações sociais. Por isso, a Terapia Cognitiva Comportamental postula uma interação recíproca entre eventos ambientais, pensamentos, sentimentos e comportamentos. Cada uma dessas esferas tem um impacto sobre as outras, portanto as intervenções são direcionadas para todas essas áreas.

Esta abordagem com crianças é bastante semelhante, tanto na teoria quanto na prática. A Terapia Cognitiva Comportamental com adultos supõe que o comportamento é adaptativo e de que existe interação entre os pensamentos, sentimentos e comportamentos da pessoa. “A Terapia Cognitiva Comportamental com crianças e adolescentes é promissora no sentido de que reconhece explicitamente a importância das variáveis cognitiva, comportamental, afetiva e socioambiental na etiologia e manutenção de transtornos emocionais” (p.22)[1]. O desafio do terapeuta consiste em tentar compreender a forma pela qual todos esses fatores interagem na mediação do surgimento da psicopatologia na infância. Dessa forma, esta abordagem utiliza estratégias e sessões estruturadas, bem como intervenções cognitivas e comportamentais para modificar comportamentos, pensamentos e sentimentos. O modelo enfatiza a influência das contingências e dos modelos presentes no ambiente da criança, simultaneamente enfatiza o aspecto central que o processamento individual da informação e a experiência emocional têm no desenvolvimento e manutenção dos problemas psicológicos.

 As primeiras tentativas de aplicação da Terapia Cognitiva Comportamental para jovens focalizavam problemas que incomodavam os adultos, como impulsividade na sala de aula, problemas de comportamento e desatenção, hiperatividade. Somente após alguns anos, o tratamento passou a ser aplicado para os chamados “transtornos internalizados”, como depressão e ansiedade[2]. Somente a partir do que passaria a ser considerado a “segunda geração” da Terapia Cognitiva Comportamental para crianças e adolescentes, o tratamento passou a ser aplicado para os chamados “transtornos internalizantes” (como depressão e ansiedade). Jovens com depressão e ansiedade, nessa ordem, passaram a constituir o próximo foco. Esta abordagem para ansiedade, inicialmente, era aplicada para fobias específicas, tais como medos noturnos[3].

A primeira estratégia de trabalho com crianças e adolescentes é a psicoeducação, que é feita através de discussões e leituras sobre o tratamento e sobre desenvolvimento infantil, após a entrevista inicial com os pais, de acordo com a idade da criança, é explicado a ela sobre o motivo de estar ali e se concorda com aquilo que os pais disseram. A partir disso, o tratamento é estruturado de acordo com o desenvolvimento cognitivo, partindo de brincadeiras e jogos lúdicos para que a mesma se expresse de acordo com seu repertório interno. A colaboração da família, parentes próximo e equipe escolar quando for o caso é fundamental na continuidade e extinção de comportamentos indesejados.

Uma da técnicas, vista em um dos módulos anteriores, traz economia de fichas para o contexto infantil. Um exemplo é o caso de uma criança de 3 anos que retornou ao uso das fraldas e abandonou o penico (que já havia sido treinada para usar). Como já frequentava a escola, dificultava o trabalho das cuidadoras porque se recusava a usar os banheiros adaptados para as crianças. Seus pais procuraram a universidade que atendia gratuitamente através de sua clínica em uma cidade do interior de S.P, e seu caso foi designado para os alunos de Psicologia do oitavo semestre no matéria de Psicodiagnóstico. Após as entrevistas iniciais e a conceitualização cognitiva, os alunos visitaram a família, a escola e diagnosticaram que o treino inicial realizado pela mãe foi interrompido sem ser estabelecido pela criança, para que ela fosse admitida na escola, causando um trauma.Através da técnica da economia de fichas, foi ensinado a mãe que retomasse o treino, incluindo a técnicas das fichas, enfatizando que deveria ser usado em algo que fosse gratificante para a criança e fosse um programa com a família., Isso fortaleceu os vínculos familiares e tornou a criança confiante quando estivesse longe dos pais. Após dez sessões estabelecidas, a criança já evoluiu e foi confeccionado um caderno ilustrativo com a sua história e entregue à família na devolutiva final.

 Texto escrito por: Paulo Henrique dos Santos Pereira

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[1] REINECKE, M. A.; DATTILIO, F. M.; FREEMAN, A. Terapia Cognitiva com crianças e adolescentes: manual para a prática clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

[2] ASBAHR, F.; ITO, L. M. Técnicas cognitivo-comportamentais na infância e adolescência. Cap. 40. In Cordioli, A. V. (Org.). Psicoterapias: abordagens atuais. 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

[3] KENDALL, P. C. et al. Crianças e adolescentes com transtornos de ansiedade. Cap. 23. In Paulo Knapp (Org.) e cols. Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004.

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