Qualidade de vida no trabalho

Diferenças entre um psicólogo clínico e um psicólogo organizacional

Renata Tavolaro - Head de Psicologia da orienteme e autora de autoridade em psicologia

Escrito por Renata Tavolaro

Head de Psicologia da orienteme | Psicóloga CRP 06/39083
Pós Graduada em Gestão de Pessoas e Terapia online/PUC, MBA em Gestão Estratégica/FGV com mais de 30 anos no atendimento psicoterapêutico presencial e online. Atuação com terapia cognitivo comportamental e programação neurolinguística.

Entenda como esses profissionais atuam em contextos distintos, desde o tratamento terapêutico até a promoção do bem-estar nas empresas

Quando se fala em psicologia, a primeira imagem que surge na mente de muitos é a de um profissional que escuta seus pacientes em um consultório, auxiliando-os a lidar com questões emocionais, traumas e distúrbios mentais.

No entanto, a psicologia vai além do atendimento clínico. No ambiente corporativo, o psicólogo organizacional pode ser muito importante, com uma abordagem voltada para o desenvolvimento de equipes e a melhoria do bem-estar dos funcionários. 

Existem vários tipos de psicólogos que atuam em diferentes contextos, oferecendo suporte tanto no ambiente clínico quanto no corporativo. Mas quais são, afinal, as principais diferenças entre esses dois campos de atuação? 

Embora ambos os profissionais compartilhem uma base teórica comum, as áreas de aplicação e os métodos de trabalho divergem consideravelmente.

O que faz o psicólogo clínico?

O psicólogo clínico é o profissional mais associado ao atendimento terapêutico. Ele trabalha diretamente com indivíduos, casais ou famílias em um contexto de consultório, com foco no tratamento de distúrbios mentais, emocionais e comportamentais. 

Seu principal objetivo é a saúde mental e o bem-estar de seus pacientes, ajudando-os a enfrentar questões como depressão, ansiedade, transtornos de personalidade, entre outros.

Para isso, o psicólogo clínico utiliza diversas abordagens terapêuticas, como a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a gestalt-terapia. A escolha da abordagem depende das necessidades específicas de cada paciente e de sua formação profissional. O tratamento pode ser de curta ou longa duração, dependendo da complexidade do caso e da evolução do paciente.

Além do atendimento em consultório, o psicólogo clínico também pode atuar em hospitais, clínicas, escolas e outras instituições de saúde, oferecendo suporte psicológico em situações de crise, como casos de internação, diagnósticos de doenças graves ou emergências psicológicas.

Principais áreas de atuação do psicólogo organizacional

Enquanto o psicólogo clínico se concentra no indivíduo e suas questões pessoais, o psicólogo organizacional tem seu foco voltado para o ambiente de trabalho e as dinâmicas que envolvem a relação entre as pessoas e as empresas. 

Este é apenas um exemplo de como os tipos de psicólogos se diferenciam em suas áreas de atuação. O papel do psicólogo organizacional é ajudar a criar e manter um ambiente de trabalho saudável e produtivo, equilibrando as necessidades dos colaboradores com os objetivos da organização.

Entre as principais atividades do psicólogo organizacional estão o recrutamento e seleção de profissionais, a gestão de conflitos, o desenvolvimento de lideranças e o bem-estar corporativo. 

Ele também é responsável por realizar avaliações de desempenho, conduzir pesquisas de clima organizacional e desenvolver programas de treinamento e desenvolvimento de equipes.

Esse profissional atua como um facilitador, garantindo a comunicação entre gestores e funcionários, além de identificar possíveis fontes de estresse e tensão no ambiente de trabalho, sugerindo melhorias para evitar o adoecimento mental dos colaboradores. 

A saúde mental no trabalho é uma preocupação crescente, e o psicólogo organizacional desempenha um papel estratégico nesse contexto.

Formação e habilidades necessárias

Tanto o psicólogo clínico quanto o organizacional passam pela mesma formação inicial: a graduação em Psicologia. No entanto, após a conclusão do curso, os caminhos começam a divergir. 

O psicólogo clínico, por exemplo, costuma buscar especializações e cursos voltados para a terapia e o atendimento individual, como psicanálise ou psicoterapia comportamental.

Já o psicólogo organizacional tende a focar em áreas como gestão de pessoas, comportamento organizacional e desenvolvimento de equipes. 

Além disso, ele precisa ter um bom entendimento de conceitos relacionados à administração, recursos humanos e estratégias corporativas, já que sua atuação está diretamente ligada ao funcionamento das empresas.

Enquanto o psicólogo clínico desenvolve habilidades como a escuta ativa, a empatia e o acolhimento, o psicólogo organizacional precisa de competências em negociação, mediação de conflitos e análise de comportamentos grupais. 

Embora ambos precisem ser bons comunicadores, o foco da comunicação é diferente: o clínico lida diretamente com o paciente, enquanto o organizacional interage com múltiplos stakeholders dentro da empresa.

O atendimento terapêutico e o ambiente corporativo

O atendimento realizado pelo psicólogo clínico é mais voltado para questões internas, emocionais e de saúde mental profunda. Esse profissional trabalha, em grande parte, no campo das emoções e dos traumas pessoais, oferecendo suporte em momentos de crise, como luto, separações, transtornos psicológicos e dificuldades no relacionamento com outras pessoas.

Por outro lado, o psicólogo organizacional atua em uma esfera mais prática e coletiva, voltada para a estrutura e o funcionamento das empresas. Ele se preocupa com o impacto do ambiente de trabalho na saúde mental e na produtividade dos funcionários, propondo melhorias que beneficiem tanto o colaborador quanto a organização.

Um exemplo da atuação do psicólogo organizacional é a identificação de fatores que geram estresse no ambiente corporativo, como sobrecarga de trabalho, falta de reconhecimento e problemas de comunicação. 

A partir dessa análise, ele desenvolve estratégias para minimizar esses problemas, como a implementação de políticas de bem-estar e programas de qualidade de vida no trabalho.

Diferenças no relacionamento com os clientes

Outra diferença fundamental entre os dois profissionais está no tipo de relacionamento que estabelecem com seus clientes. 

O psicólogo clínico desenvolve um vínculo terapêutico profundo com seus pacientes, que pode durar meses ou até anos, dependendo da evolução do tratamento. O sigilo faz parte dessa relação, garantindo que o paciente se sinta à vontade para falar sobre suas questões mais íntimas.

Já o psicólogo organizacional lida com dinâmicas diferentes, pois seu “cliente” é tanto o colaborador quanto a empresa. Ele precisa equilibrar as necessidades individuais dos funcionários com os objetivos gerais da organização, o que nem sempre é uma tarefa simples. 

Além disso, o sigilo profissional também é fundamental, mas as questões abordadas tendem a ser menos pessoais e mais relacionadas ao desempenho e ao comportamento no ambiente de trabalho.

Impacto da atuação no bem-estar geral

Tanto o psicólogo clínico quanto o organizacional têm um impacto significativo no bem-estar das pessoas, mas em contextos distintos. 

O clínico foca no bem-estar emocional e na saúde mental do indivíduo, ajudando a resolver problemas profundos e a melhorar a qualidade de vida no âmbito pessoal. Esses tipos de psicólogos são essenciais para lidar com crises individuais.

O organizacional, por sua vez, busca melhorar a qualidade de vida no trabalho, com um ambiente mais saudável, produtivo e harmonioso. Embora seu foco não seja diretamente a saúde mental individual, as ações implementadas por esse profissional podem reduzir o estresse e prevenir o surgimento de problemas emocionais graves no futuro.

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