Qualidade de vida no trabalho

Assédio moral no trabalho: ambiente tóxico afeta a saúde e produtividade

Renata Tavolaro - Head de Psicologia da orienteme e autora de autoridade em psicologia

Escrito por Renata Tavolaro

Head de Psicologia da orienteme | Psicóloga CRP 06/39083
Pós Graduada em Gestão de Pessoas e Terapia online/PUC, MBA em Gestão Estratégica/FGV com mais de 30 anos no atendimento psicoterapêutico presencial e online. Atuação com terapia cognitivo comportamental e programação neurolinguística.

O assédio moral no trabalho compromete o bem-estar dos colaboradores e pode gerar impactos profundos na produtividade e na imagem da empresa

O assédio moral no trabalho é uma das formas mais silenciosas e devastadoras do chamado adoecimento ocupacional.

De acordo com a pesquisa Mapa do Assédio no Brasil 2024 da KPMG, 30% dos profissionais afirmam já ter sofrido algum tipo de assédio em seus ambientes corporativos, sendo o moral o mais recorrente.

Dados que evidenciam um desafio urgente para empresas que buscam ambientes mais saudáveis e produtivos.

E a nova NR1 deixa claro que a gestão de riscos psicossociais se tornou parte essencial das estratégias de saúde e segurança no trabalho, o que exige que organizações adotem medidas preventivas eficazes e um olhar atento à saúde mental de seus colaboradores.

Como identificar um ambiente tóxico na rotina corporativa?

Um ambiente de trabalho tóxico nem sempre é visível de imediato, porque muitas vezes, ele se constrói por meio de atitudes sutis e constantes que vão minando a confiança, o bem-estar e a motivação dos colaboradores.

Por isso, o primeiro passo para combater é perceber os sinais e a frequência com que comportamentos desrespeitosos ocorrem no dia a dia.

Além disso, como a cultura organizacional tem papel determinante, os ambientes que normalizam humilhações, pressões excessivas ou comunicação agressiva tendem a “alimentar” o ciclo do assédio moral no trabalho, dificultando a denúncia e comprometendo o engajamento das equipes.

De modo geral, casos como os listados abaixo, devem ser imediatamente identificados e corrigidos:

  • Ignorar ou excluir o colaborador de reuniões, grupos de mensagens ou decisões que envolvem seu trabalho.
  • Delegar tarefas irrelevantes ou muito abaixo da função apenas para desmoralizar.
  • Permitir boatos ou comentários maldosos sobre a pessoa, ou seu desempenho.
  • Controle excessivo de pausas, idas ao banheiro ou horários.
  • Revisar o trabalho com rigor desproporcional, buscando erros mínimos para expor fragilidades.
  • Isolar o funcionário no ambiente de trabalho, evitando contato social ou profissional.
  • Negar oportunidades de crescimento, treinamentos ou reconhecimento de forma deliberada.
  • Usar o silêncio ou indiferença como forma de punição e manipulação emocional.
  • Repreender ou ironizar o colaborador em frente à equipe.
  • Comparar negativamente o desempenho com colegas (“você é o pior do time”).
  • Expor erros em murais, e-mails coletivos ou reuniões de maneira vexatória.
  • Usar apelidos pejorativos ou comentários sobre aparência e comportamento.
  • Gritar, bater na mesa ou gesticular agressivamente durante cobranças.
  • Ameaçar demissão repetidas vezes como forma de pressão psicológica.
  • Desqualificar ideias ou opiniões com sarcasmo e descrédito público.
  • Cobrar metas inalcançáveis ou impor prazos irreais como forma de punição.

E por mais que apresentados assim, os exemplos fiquem explícitos, no dia a dia podem estar velados, imperceptíveis ou já normalizados, por isso o olhar deve ser atento, respeitoso e humanizado.

assédio moral no trabalho

Quais os impactos do assédio moral?

Sobre o impacto de um ambiente hostil, ele vai muito além do clima organizacional. Pois compromete o desempenho, a produtividade e pode resultar em afastamentos por doenças mentais, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico.

Sem contar que o custo para as empresas também é alto, aumentando a rotatividade, as licenças médicas e até as ações judiciais que demonstram que o combate ao assédio é também uma questão de sustentabilidade corporativa e de imagem institucional.

Adoecimento emocional, queda de autoestima e ansiedade

Falando especificamente das vítimas frequentes, elas costumam apresentar sintomas como:

  • Insônia
  • Irritabilidade
  • Falta de concentração
  • Insegurança profissional

Afastamentos, baixa performance e rotatividade alta

E para a empresa, já existem dados da Justiça do Trabalho que indicam mais de 419 mil ações envolvendo assédio moral e sexual foram julgadas entre 2020 e 2023.

Número que reflete não apenas o sofrimento dos trabalhadores, mas também o impacto negativo na produtividade e na reputação das empresas que podem agir preventivamente.

Qual o papel do RH na prevenção e combate ao assédio moral?

Dito tudo isso, o setor de Recursos Humanos é o principal agente de transformação cultural dentro das organizações.

É seu papel desenvolver políticas claras, canais de denúncia eficientes e treinamentos constantes voltados à ética, respeito e empatia no ambiente corporativo, para tanto, ações cabíveis:

  • Promover campanhas internas de conscientização sobre o que é assédio e suas consequências.
  • Adotar um código de conduta claro e acessível, com linguagem simples e exemplos práticos.
  • Realizar treinamentos obrigatórios sobre comportamento ético, diversidade e comunicação não violenta.
  • Incluir gestores e lideranças em programas específicos sobre liderança empática e feedback construtivo.
  • Promover workshops e rodas de conversa sobre empatia, escuta ativa e respeito no ambiente corporativo.
  • Disponibilizar múltiplos canais de denúncia (e-mail, formulário online, telefone, app interno).
  • Estabelecer protocolos de apuração imparciais, com acompanhamento do RH e jurídico.
  • Aplicar pesquisas de clima e engajamento com perguntas sobre respeito, liderança e bem-estar.
  • Estabelecer consequências claras para quem pratica assédio moral como forma de políticas de tolerância zero com comportamentos abusivos.

A NR1 e a gestão de riscos psicossociais

Vale dizer que a nova NR1 ampliou o conceito de segurança no trabalho, incluindo fatores psicossociais como o assédio moral no trabalho entre os riscos que devem ser avaliados e prevenidos.

A atualização reconhece que a saúde do trabalhador vai além do físico, pois envolve também o equilíbrio emocional e o bem-estar mental.

Empresas que se alinham a essas diretrizes não apenas cumprem a legislação, mas demonstram compromisso com a qualidade de vida de seus colaboradores e reduzem os índices de afastamento por doenças ocupacionais.

Com isso, a NR1 incentiva práticas de avaliação contínua e políticas internas voltadas à prevenção, criando ambientes mais seguros, transparentes e saudáveis, com foco no respeito e na dignidade do trabalhador.

O combate ao assédio moral no trabalho é um compromisso essencial para empresas que desejam cumprir a nova NR1 e construir ambientes psicologicamente saudáveis. 

Promover políticas de prevenção, canais de apoio e cultura de respeito é fundamental para reduzir afastamentos e fortalecer a reputação organizacional.

E é nesse sentido que a orienteme propõe soluções completas em gestão de riscos ocupacionais e psicossociais, se colocando à sua disposição para apresentar ferramentas capazes de transformar o ambiente de trabalho.

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