A pergunta “o que é Síndrome de Burnout?” é relevante, pois tem ligação direta com a forma com que as pessoas se relacionam com o trabalho.
Isso porque, o mundo mudou e a forma como os profissionais lidam com a carreira também. A evolução tecnológica, o home office e os novos modelos de trabalho fizeram com que as pessoas trabalhassem cada vez mais. Quem nunca se pegou respondendo um e-mail profissional depois do expediente?
Essas mudanças trouxeram consequências negativas, como o cansaço excessivo, o estresse e a ansiedade. Quando não tratadas com acompanhamento profissional, podem evoluir para a Síndrome de Burnout.
Com as dificuldades impostas pela pandemia, essa condição mental ganhou mais destaque. Então, para você ficar por dentro do assunto, explicamos tudo o que você precisa saber sobre essa condição mental: o que é Síndrome de Burnout, suas causas, sintomas, prevenção, tratamentos e mais. Confira!
O que é a Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout é um desequilíbrio emocional diretamente relacionado ao acúmulo de estresse por conta do trabalho. Também conhecida por Síndrome do Esgotamento Profissional, ela causa sintomas físicos e psicológicos, tais como dores musculares, insônia, transtorno de ansiedade e até distúrbios alimentares ou do sono.
Ela costuma afetar profissionais que possuem uma rotina intensa de trabalho e lidam diariamente com muita tensão e responsabilidade. O distúrbio também é frequente em pessoas que têm mais de um trabalho ou que precisam lidar com áreas diferentes dentro de uma mesma companhia.
No Brasil, o diagnóstico dessa síndrome vem crescendo. Segundo dados levantados pela International Stress Management Association (ISMA), 30% dos brasileiros já sofreram com essa condição.
O que causa a Síndrome de Burnout?
Esse desequilíbrio emocional é resultado de estresse e ansiedade constantes causados por um ambiente de trabalho tóxico. As seguintes práticas podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno:
- Cobrança excessiva;
- Prazos irrealistas;
- Assédio moral;
- Desvalorização do profissional;
- Comunicação agressiva e desrespeitosa;
- Falta de segurança psicológica;
- Sobrecarga de trabalho;
- Metas inalcançáveis.
Porém, com o atual cenário e as mudanças do mercado de trabalho, pesquisas mostraram que existem, ainda, outras tendências. A 19ª edição do Índice de Confiança Robert Half (revela as perspectivas de contratação e expectativas atuais e futuras do mercado de trabalho), apontou que 49% dos recrutadores acreditam que os profissionais estão mais propensos a sofrer Burnout.
Algumas das principais razões para isso são: cargas de trabalho mais pesadas (58%); falta de equilíbrio entre vida profissional e trabalho (58%); mais pressão para obter resultados (55%); incertezas quanto ao rumo da pandemia (52%) e alta demanda de trabalho concentrada em equipes reduzidas (51%).
É importante ressaltar que as novas dinâmicas de trabalho, como o home office, influenciaram na relação das pessoas com o emprego e contribuem para esses números.
Porém, isso não significa que o trabalho remoto é um vilão, muito pelo contrário. Mas, como em qualquer rotina, é preciso ter atenção à sobrecarga de trabalho e à produtividade tóxica.
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Quais são os principais sintomas da Síndrome de Burnout?
Assim como outros desequilíbrios emocionais, a Síndrome de Burnout apresenta, a princípio, sintomas leves, mas que podem piorar com o passar do tempo.
Muitas empresas já têm buscado alternativas para monitorar a saúde emocional dos seus colaboradores com o objetivo de mapear possíveis casos logo no início, dando auxílio no tratamento.
Os principais sintomas são estes:
Sintomas Físicos
- Dores de cabeça constantes;
- Alterações de apetite;
- Insônia;
- Fadiga;
- Pressão alta;
- Problemas gastrointestinais;
- Dores musculares.
Sintomas mentais
- Dificuldades de concentração;
- Ansiedade;
- Irritabilidade;
- Alterações de humor repentinas;
- Sensação de fracasso;
- Insegurança;
- Negatividade;
- Apatia.
As 12 fases da Síndrome de Burnout
É verdade que a Síndrome de Burnout pode ser difícil de diagnosticar, já que começa com sintomas sutis, evoluindo para algo maior. Por isso, existe uma lista criada pelos psicólogos Herbert Freudenberger e Gail North, que pesquisam o tema e descrevem os 12 estágios desse esgotamento.
Essa listagem conta as etapas mais comuns pelas quais as pessoas passam até atingir o ápice da síndrome de Burnout. Porém, isso não quer dizer que o profissional necessariamente apresentará todas as fases da síndrome, mas que os sintomas que apresentamos anteriormente são indícios desses estágios.
As fases da Síndrome de Burnout são:
- Necessidade de aprovação: é o momento em que o indivíduo quer mostrar seu valor como profissional, que sabe o que está fazendo e que é competente;
- Dificuldade em se desligar do trabalho: a pessoa começa a alongar as horas do expediente, a trabalhar nos finais de semana e responder mensagens em todos os momentos;
- Negação de necessidades pessoais: o trabalho vira o centro da vida do indivíduo. Ele começa a dormir menos, não ter horários para comer e negligencia momentos de lazer para trabalhar mais;
- Distanciamento dos conflitos: os efeitos dos comportamentos começam a ser sentidos na rotina, mas o profissional passa a ignorá-los;
- Reavaliação de valores: as prioridades da pessoa começam a mudar. O trabalho parece ser a única coisa que importa;
- Negação dos problemas: o indivíduo age sem empatia e tolerância. Começa a culpar os outros e ser agressivo por ver que os outros não trabalham como ele;
- Afastamento da vida social: a pessoa não tem interesse ou quase nenhuma vida social. O trabalho é o foco, mas agora é uma parte automática da rotina. Nessa fase, pode surgir o uso de drogas e álcool para aliviar a tensão;
- Mudança no comportamento: de forma brusca, o profissional apresenta uma personalidade muito diferente, ficando muito claro para as pessoas da convivência
- Perda de personalidade: a pessoa alcança um alto nível de negligência com suas necessidades, perde seus interesses e “não se reconhece mais”;
- Vazio interior: o indivíduo não consegue mais enxergar sentido no dia a dia e experimenta um profundo vazio de emoções. Para compensar isso, pode sofrer compulsões e abusar de substâncias;
- Depressão: acontecem sintomas de depressão, como desesperança, melancolia, exaustão e incerteza;
- Burnout: por fim, a pessoa entra em colapso físico e mental. Nesse momento, ela requer ajuda médica urgente.
Como você viu, além de entender o que é síndrome de Burnout, é preciso entender seus sinais na rotina. Existem diversos deles, e é importante que os profissionais de RH, líderes e colegas de trabalho não os percebam de forma leviana.
Diferenças entre Burnout, ansiedade e estresse
Apesar de serem distúrbios semelhantes, o Burnout, a ansiedade e o estresse possuem diferenças bastante particulares.
Como já dito, o Burnout é causado necessariamente devido a fatores e situações relacionadas ao trabalho. Ele se caracteriza pelo desgaste físico e mental em decorrência de circunstâncias inadequadas no emprego.
Já o estresse e a ansiedade são reações naturais do corpo que podem se tornar transtornos quando seus sintomas se tornam recorrentes e intensos. Podem ser causadas por inúmeros fatores, não se restringindo a cenários profissionais.
O estresse é uma resposta orgânica frente a cenários ameaçadores. É algo muito relacionado à subjetividade, porque o que uma pessoa entende como “ameaça” depende das perspectivas e concepções próprias dela.
A ansiedade também é uma resposta orgânica, mas frente a situações inesperadas ou desconhecidas. Manifesta-se por meio de alguns sintomas físicos e mentais, como inquietação, coração acelerado, dificuldade de concentração, entre outros.
Por isso, apesar de estarem associados e possuírem sintomas parecidos, são transtornos diferentes.
Qual é o tratamento para Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout deve ser tratada com psicoterapia. Entretanto, casos mais graves também podem envolver o uso de medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos, prescritos pelo psiquiatra.
Além da terapia, o profissional precisa mudar alguns hábitos, buscando um equilíbrio maior entre o trabalho e a vida pessoal. Assim, será possível incorporar atividades saudáveis à rotina, como exercícios físicos, meditação, lazer e muito mais.
Em geral, os sinais de melhora podem ser vistos a partir do primeiro mês de tratamento, porém isso não significa que o tratamento deva ser suspenso.
Nesse sentido, a criação de programas de qualidade de vida no trabalho foi uma iniciativa que muitas empresas tomaram para contribuir com o tratamento.
As atividades incluídas nestes programas vão desde lives e webinars com especialistas até acompanhamento psicológico e nutricional, sempre com o objetivo de promover mais saúde, segurança e equilíbrio à vida dos colaboradores.
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O que fazer para evitar a Síndrome de Burnout?
O Burnout é silencioso e, muitas vezes, difícil de prever. Entretanto, existem formas de preveni-lo. A principal delas é avaliar a relação pessoal com o trabalho, pois o ideal é que haja um equilíbrio. Tarefas profissionais não devem consumir todo o seu dia.
Além disso, é importante lembrar que essa condição está associada diretamente ao esgotamento físico e mental. Por isso, é fundamental incluir em seu dia a dia atividades de lazer que você gosta.
Desenvolver um hobby, fazer exercícios de meditação, ouvir uma playlist que você goste e ter boas noites de sono são alguns exemplos do que fazer para alcançar o equilíbrio.
A psicoterapia é outra atividade capaz de contribuir diretamente para a prevenção desse distúrbio emocional. Com ajuda profissional, pode-se desenvolver o autoconhecimento e a inteligência emocional, características fundamentais para fugir de condições psicológicas.
Como identificar casos de Síndrome de Burnout no ambiente de trabalho?
A equipe de recursos humanos, idealmente, deve ser a guardiã da saúde e segurança psicológica no ambiente de trabalho, garantindo que os colaboradores se sintam valorizados e acolhidos.
Sendo assim, o comprometimento desse time em acompanhar a integridade dos profissionais é o melhor cenário para identificar casos de Burnout. Isso pode ser feito por meio de conversas individuais ou compartilhando questionários.
As conversas, sem dúvidas, permitem entender com mais clareza como a pessoa está. No entanto, o questionário também esclarece muitos pontos caso seja respondido com sinceridade e pode ser bem mais eficiente para empresas com muitas pessoas.
Se você deseja acompanhar o estado de bem-estar dos colaboradores de maneira mais prática e fácil, recomendamos oferecer a orienteme como benefício.
Os profissionais ganham acesso a psicoterapia, nutrição e orientação física online, e a equipe de RH um painel que mostra os níveis emocionais das pessoas, ajudando a identificar os riscos de desenvolvimento de distúrbios mentais.
Como identificar casos de Burnout no home office?
Como mencionamos anteriormente, a falta de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, longas jornadas de trabalho e outras circunstâncias podem colaborar para o aumento de casos da Síndrome de Burnout em trabalhadores remotos.
Por isso, além de entender o que é síndrome de Burnout, é importante que os departamentos de RH entendam como identificá-la e preveni-la em equipes em regime home office.
Assim como para outros casos, o primeiro passo é ter atenção aos sinais do distúrbio. Porém, tão importante quanto isso é manter uma comunicação constante com o time que não seja estritamente profissional.
Outro ponto é possuir um guia com informações e um plano de ação para quaisquer casos de desgaste mental na empresa. Ele pode conter palestras, conteúdos sobre comunicação empática e saúde e segurança emocional no trabalho, feedbacks individuais, etc.
Essas ações, além de contribuírem para o bem-estar do time, também são uma chance de aproximá-lo. O importante é fazer esse problema ser conhecido na empresa e abrir um canal de comunicação, mesmo remoto.
Para trabalhadores em home office, os benefícios de terapia também são uma ótima opção, pois cuidam, previnem e aprimoram a base da saúde mental de forma individual.
Como RHs podem evitar que colaboradores desenvolvam Síndrome de Burnout?
Como destacado no tópico anterior, o time de recursos humanos é quem possui a responsabilidade e os meios para promover um ambiente de trabalho saudável.
Diante disso, algumas ações podem ser desenvolvidas e implementadas com o intuito de melhorar as condições de trabalho, as relações interpessoais e a qualidade de vida da organização. A seguir, listamos dicas práticas:
- Crie um canal de acolhimento e queixas;
- Estimule o diálogo sobre o tema;
- Ofereça programas e benefícios de bem-estar;
- Promova práticas de trabalho saudáveis.
1. Crie um canal de acolhimento e queixas
Disponibilizar um canal de contato para os colaboradores — seja via telefone, chat ou aplicativo — é uma boa forma de acolhê-los e incentivá-los a denunciar situações problemáticas.
Essa iniciativa possibilita construir uma relação mais próxima e de confiança no trabalho com os profissionais. Ao mesmo tempo, ajuda a identificar quem está mal para encaminhá-los a tratamentos especializados.
2. Estimule o diálogo sobre o tema
Democratizar o conhecimento sobre esse distúrbio emocional entre os funcionários pode ser uma maneira efetiva de auxiliá-los a não praticar ações inadequadas e a identificar se estão desenvolvendo a condição.
Um caminho interessante para realizar isso na prática pode ser o oferecimento recorrente de palestras que conscientizam as pessoas sobre essa condição mental.
3. Ofereça programas e benefícios de bem-estar
A disponibilização de programas e benefícios na empresa são capazes de promover o bem-estar entre os colaboradores é uma das maneiras mais eficazes de prevenir casos de Burnout.
Quando a pessoa pratica algumas ações de bem-estar, como fazer terapia e dedicar um tempo ao lazer, é possível reduzir o estresse no trabalho. Ou seja, esses benefícios atuam diretamente no principal fator que pode levar ao desenvolvimento desse distúrbio.
Sem contar que uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) constatou que, a cada dólar investido na saúde mental da equipe, há um retorno de quatro dólares em melhorias e produtividade.
4. Promova práticas saudáveis de trabalho
A insegurança, o perfeccionismo e a má gestão de tempo são fatores chamados “causadores de estresses”, e tem relação com o surgimento da Síndrome de Burnout.
Por isso, uma das melhores formas de prevenir esses casos é prestando atenção em como a equipe conduz a rotina de trabalho.
É importante ter foco e horários definidos para o trabalho, bem como consciência de que o perfeccionismo e outras tendências não são benéficas. Por isso, o departamento de RH pode montar guias com boas práticas de trabalho equilibrado, palestras, treinamentos e até contar com profissionais parceiros para atuarem dentro da organização.
Direitos do colaborador com Síndrome de Burnout
Como a Síndrome de Burnout é considerada uma condição causada diretamente pelas condições de trabalho, o colaborador pode pedir uma licença médica de até 15 dias mediante comprovação do quadro psicológico.
Durante esse período, a remuneração se mantém a encargo da organização. No entanto, caso o tratamento se estenda por mais tempo, é preciso solicitar o auxílio-doença acidentário do INSS.
Para isso, basta fornecer alguns documentos ao órgão e comprovar o diagnóstico. Com a aprovação, o profissional pode ficar afastado até o tratamento possibilitar o retorno. Além disso, o trabalhador tem 12 meses de estabilidade, o que significa que ele não pode ser demitido por um ano.
A partir do dia primeiro de janeiro de 2022, a Síndrome de Burnout foi classificada como CID 11, fazendo parte da catalogação de doenças ocupacionais da OMS. Isso serve de alerta às organizações para o oferecimento de condições adequadas de trabalho.
Afinal, a categorização como doença ocupacional facilita a obtenção de afastamentos do trabalho e possibilita que trabalhadores entrem com ações jurídicas contra as empresas.
Quais os profissionais mais propensos a desenvolver Burnout?
Essa é uma pergunta comum e sua resposta é importante, pois ajuda a pensar em formas de prevenção. A maior incidência de casos de Burnout também pode ser influenciada por outros fatores na vida das pessoas, como se ela é ou não workaholic (viciada no trabalho).
Porém, em geral, as profissões com maior probabilidade de desenvolver a Síndrome de Burnout são:
- Profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares, etc);
- Bombeiros;
- Psicólogos;
- Bancários;
- Atendentes de telemarketing;
- Professores;
- Advogados.
As profissões listadas costumam lidar com situações bastante desafiadoras e até traumáticas no dia a dia, por isso, elas podem apresentar maiores casos de transtornos emocionais. Jornadas longas de trabalho e ambientes de trabalho tóxicos também contribuem para esse cenário.
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