Entender o que é neurodiversidade, principalmente dentro das empresas, é compreender um recorte muito importante da sociedade, que diz muito sobre a cultura organizacional de companhias.
Isso porque, esse conceito ressignifica muitos preconceitos em relação a pessoas neurodiversas dentro das organizações, colaborando para criar ambientes melhores e com menos casos de doenças como a Síndrome de Burnout, por exemplo.
Porém, ainda existe um caminho a ser traçado quando o assunto é aprofundar esse tema.
Isso porque, grande parte das empresas, em vez de aproveitar o potencial desses profissionais neurodivergentes, têm ambientes despreparados, que podem contribuir para a exclusão dessas pessoas do mercado de trabalho.
Muitas vezes, esse já é o caso nas empresas, que não conseguem identificar.
Para isso, é importante que a neurodiversidade seja compreendida e respeitada nas empresas, pois também é uma forma de potencializar times.
Para te ajudar a entender melhor esse cenário, neste guia completo abordaremos:
- O que é neurodiversidade
- O que é neurotípico
- Quais os exemplos de neurodivergência?
- Qual a diferença entre neurodivergente, neurodiverso e neurotípico?
- Quais os benefícios da neurodiversidade no ambiente de trabalho?
- Como promover a neurodiversidade no ambiente de trabalho.
Vamos lá!
O que é neurodiversidade?
Entender o que é neurodiversidade também é entender um pouco sobre como nossa sociedade sempre foi configurada.
A neurodiversidade é um termo que entende que as diferenças neurológicas das pessoas devem ser respeitadas tal qual a biodiversidade no planeta, pois fazem parte da sociedade de maneira natural.
Esse termo foi criado por Judy Singer, socióloga australiana e portadora da síndrome de Asperger.
Portanto, uma pessoa neurodiversa simplesmente tem um cérebro com conexões diferentes. Isso não significa que ela apresente um rendimento menor no dia a dia, muito pelo contrário.
Nesses casos, é preciso ajustar os estímulos, comunicação e outros pontos do dia a dia do que seria “típico” para que o colaborador neurodiverso tenha qualidade de vida e consiga entregar bons resultados.
Dessa forma, apesar de perguntas como “o que é neurodiversidade” terem ganhado força agora, pessoas portadoras das condições que caracterizam essa condição sempre existiram.
Ainda assim, a baixa visibilidade se dava principalmente por falta de informação, dificuldade em acessar diagnósticos e outros problemas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, 1% da população mundial tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Já estima-se um número de 4% de crianças e adultos com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
No Brasil, um dos responsáveis por trazer mais atenção a esse debate é o jornalista e escritor Tiago Abreu, diagnosticado com TEA.
Leia também: O que é psicologia organizacional? Guia completo sobre o assunto!
Qual a diferença entre neurodivergente e neurotípico?
Neurotípico é o termo usado para descrever pessoas com atividade neurológica e/ou desenvolvimento cognitivo considerado típico ou padrão.
Ou seja, é uma pessoa que não se enquadra em nenhuma das condições que enquadram a neurodiversidade.
Já neurodivergente ou neurodiverso são termos oposto à descrição de neurotípico.
Eles descrevem indivíduos com funcionamento neurológico e/ou no desenvolvimento cognitivo diferente do que é considerado típico ou padrão.
Entre eles, estão aqueles portadores de Transtornos do Espectro Autista (TEA), dislexia, TDAH, síndrome de Tourette, discalculia, disgrafia, etc.
Isso quer dizer que os cérebros dessas pessoas “processam” as informações de formas diferentes do esperado ou tido como convencional, especialmente em relação a estudos e trabalho.
Dessa maneira, esses indivíduos precisam de estímulos, processos e rotinas diferentes para terem uma melhor qualidade de vida.
Exemplos de o que é neurodiversidade
Existem algumas condições que caracterizam o que é neurodiversidade. Entre elas, temos os exemplos “mais conhecidos”, que são:
- Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): seus sintomas mais comuns são falta de atenção, inquietação e impulsionado, sendo considerado um transtorno neurobiológico de causas genéticas;
- Transtornos do Espectro Autista (TEA): De acordo com o Ministério da Saúde, é um distúrbio associado ao neurodesenvolvimento, que faz com que a pessoa apresente um desenvolvimento atípico, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados. Pessoas com TEA também podem apresentar certos interesses específicos e nichados;
- Dislexia: se caracteriza pela dificuldade em entender e decodificar estímulos escritos ou símbolos gráficos, observado principalmente a partir de uma dificuldade na leitura. É um transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica;
- Síndrome de Tourette: a síndrome de Tourette caracteriza-se por tiques motores ou vocais, em que a pessoa não tem qualquer controle, e que ocorrem com frequência e intensidade variáveis.
Ainda, o que é neurodiversidade vai muito além desses exemplos. Neurodivergente é qualquer pessoa com características neurológicas diferentes do que é tido como padrão ou “típico”.
Além disso, é importante ressaltar que, do ponto de vista médico, a ansiedade e os transtornos de personalidade também são tidos como neurodiversidade.
Então, além dos estigmas relacionados a essas condições no dia a dia, outro problema muito comum é a dificuldade no diagnóstico.
Em seu Ted sobre o assunto, Adriana Torres detalha mais sobre como acontecem e quão comuns são os sub-diagnósticos de autismo em mulheres.
Quais os benefícios da neurodiversidade no ambiente de trabalho?
Ao se fechar para a neurodiversidade, muitas empresas também perdem a oportunidade de reter grandes talentos que, exatamente por suas diferenças, potencializam o negócio.
Para aprofundar nisso, separamos alguns pontos que reforçam a importância da neurodiversidade, que são:
- Contribui com a criatividade e o foco para o ambiente de trabalho;
- Ajuda outros membros a desenvolverem flexibilidade cognitiva;
- Apoia o aspecto social da empresa;
- Melhor solução de problemas;
- Maior abertura à inovação;
- Melhora do clima organizacional;
- Valorização de grandes talentos no mercado de trabalho.
Ainda, segundo a pesquisa Neurodiversity at work do National Institute of Economic and Social Research (Niesr), uma equipe neurodiversa é capaz de propor feedbacks e ideias diferentes, sendo uma grande aliada em processos complexos.
Como promover a neurodiversidade no ambiente de trabalho?
Incluir a neurodiversidade na empresa deve ser um trabalho constante e presente em todas as suas frentes. Porém, principalmente ao começar a conhecer o que é a neurodiversidade, é preciso que as ações sejam simples, mas eficientes. Separamos algumas ideias para você aplicar.
1 – Crie projetos de inclusão
Incluir a neurodiversidade na empresa deve ser um trabalho estratégico, mas baseado na empatia e no respeito para ser realmente eficiente. Por isso, algumas passos para criar projetos de inclusão na empresa são:
- Mapear os pontos que precisam de melhoria na organização para incluir a neurodiversidade;
- Montar um planejamento estratégico das ações que serão feitas;
- Colher feedbacks do time e pedir sugestões;
- Estruturar um calendário com metas a curto, médio e longo prazo;
- Promova outras ações de diversidade e inclusão, ampliando ainda mais o quadro de colaboradores diversos;
- Começar pelas ações mais simples e não deixar o objetivo cair na rotina.
Para que a neurodiversidade esteja realmente presente, é importante focar no engajamento e na conscientização do time em relação ao tema, principalmente para que os membros neurodiversos sintam-se respeitados e acolhidos pelo ambiente de trabalho.
2 – Promova o debate
Muitas organizações podem ter medo de debater e promover o diálogo frente a temas pouco explorados como esse. Porém, a desconstrução de preconceitos e o acesso à informação são as melhores formas de promover uma mudança permanente na empresa.
Por isso, sempre que puder, ofereça acesso a informações sobre a neurodiversidade na empresa.
É possível promover palestras, programas de treinamento e dinâmicas de grupo, que conscientizam, desenvolvem o time, tiram dúvidas e colaboram com o clima organizacional ao mesmo tempo.
3 – Acolha as diferenças a partir de um ambiente de trabalho saudável
De nada adianta promover as ações anteriores sem a preocupação em promover um ambiente de trabalho acolhedor, onde a segurança psicológica seja a chave.
Portanto, é necessário que a promoção da neurodiversidade no trabalho ande lado a lado com a sensibilização do time e também com o apoio aos membros neurodiversos do time.
É possível fazer isso focando principalmente na qualidade de vida dessas pessoas no trabalho, com foco em ações realmente efetivas. Alguns exemplos são:
- Treinamento e conscientização de líderes;
- Núcleos de debate e desenvolvimento na empresa;
- Benefícios de bem-estar que promovam uma vida mais equilibrada e acesso a ferramentas de saúde corporativa.
Assim, é importante ressaltar que, assim como qualquer outro indivíduo, pessoas neurodiversas podem precisar de apoio psicológico, entre outros, para equilibrar sua rotina. No caso deles, esse ponto pode ser ainda mais sensível, visto aos desafios adicionais que enfrentam no dia a dia, como preconceito, entre outros.
Portanto, uma ótima maneira de a empresa melhorar o seu ambiente e apoiar seus colaboradores nesse sentido é oferecendo acesso a benefícios que que proporcionem psicoterapia, nutrição e educação física, pois esses pilares equilibram a vida do colaborador e os ajudam a lidar com os desafios do dia a dia.
Saiba que podemos te ajudar nessa missão. Para saber mais sobre como a orienteme equilibra todos esses pilares em apenas uma solução, olhando para os pontos mais sensíveis da sua equipe, acesse a nossa página para empresas.
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Livros sobre neurodiversidade
Para quem está aprendendo sobre o assunto de o que é neurodiversidade, alguns livros podem ser de grande ajuda para entender mais, expandir o senso crítico e ajudar também a implantar um ambiente neurodiverso na empresa. Separamos algumas indicações.
O que é neurodiversidade – Tiago Abreu
Como comentamos, o jornalista e escritor Tiago Abreu foi o responsável por expandir o debate acerca da neurodiversidade no Brasil.
Sendo assim, em seu livro ele debate o entendimento errôneo que se tem acerca de o que é neurodiversidade.
Tiago explica que a sociedade por si só já é neurodiversa, considerando suas diferenças. Por isso, o dever da neurodiversidade é compreender e normalizar esse cenário. É uma ótima obra para se aprofundar no assunto.
Passarinha – Kathryn Erskine
Essa obra de ficção explora a vida da personagem Caitlin, uma menina de dez anos de idade, autista e portadora da Síndrome de Asperger.
Caitlin se frustra por não conseguir ajudar o pai a passar por um período difícil e encontra conforto em livros e dicionários, fáceis de entender a seu ver.
Em suas leituras, ela encontra a palavra “desfecho” e compreende que é exatamente disso que sua família, em especial o pai, precisa.
A partir disso, ela se empenha em alcançar o significado dessa palavra. Por isso, além de explorar o que é neurodiversidade, esse livro dá uma lição sobre empatia e compreensão ao próximo.
Crianças de Asperger: As origens do autismo na Viena nazista – Edith Sheffer
Essa é uma leitura profunda sobre as ligações entre o autismo e o nazismo, e de como os diagnósticos refletem os valores, as preocupações e as esperanças de uma sociedade.
Hans Asperger e Leo Kanner foram os primeiros médicos a introduzir o termo “autismo” como diagnóstico independente para descrever certas características do distanciamento social observadas em certos indivíduos.
O objetivo desta história, segundo a autora, não é acusar nenhuma figura particular ou minar a discussão política sobre neurodiversidade inspirada pela obra de Asperger.
Sendo assim, o foco é explorar e estudar a neurodiversidade, revelando como os diagnósticos podem ser moldados por forças sociais e políticas, e como pode ser difícil perceber e combater essas forças.
O cérebro autista: Pensando através do espectro – Temple Grandin e Richard Panek
“O cérebro autista: Pensando através do espectro” ajuda a entender mais sobre a vanguarda da ciência por trás deste assunto. Nele, Temple Grandin mescla sua própria experiência com importantes e surpreendentes descobertas.
Segundo Grandin, pais, professores e terapeutas não devem se prender a rótulos, pois cada indivíduo é único.
Ela argumenta que a educação de crianças autistas não deve se centrar apenas em suas dificuldades. Ao focar em seus pontos fortes, pouco explorados pela ciência e pelos educadores, é possível descobrir um grande potencial.
Em O cérebro autista, somos apresentados ao poder transformador de tratar o autismo por meio de cada um dos seus sintomas, pois cada diagnóstico é único.
Leia também: Comportamento organizacional:, tipos, como avaliar e mais!
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